Mas lembrando que não falo de amor carnal. Da necessidade de estar presente. Falo de almas, almas conectadas, não por amor, por querer algo em troca, mas conectadas apenas. Falo da necessidade de enxergar com a alma. Da necessidade de sentir-se conectado com a própria alma. Falo da viajem que cada um pertence; falo de almas, apenas.
Certo dia, me perguntaram o que é cativar. Ao pensar, me vi contra a parede. Não sabia explicar, havia cativado pessoas, animais, coisas, sejam lá quais são, sabia que havia cativado, mas não sabia explicar ao garoto o que significava cativar.
Sorri sem graça, balancei a cabeça e o olhei. - Creio que é uma questão de alma, não de explicação - disse a ele.
O garoto não entendera muito bem, penso eu. E saiu, olhos curiosos a espera de encontrar um outro alguém, - talvez mais sábio que eu - para explicar-lhe o que seria "cativar".
Mas eu sei, é uma questão de alma. Mas tenho certeza, o garoto se decepcionara muitas vezes por não saberem lhe explicar o que seria "cativar", e tenho ainda mais certeza de que ele compreendeu a tal "é uma coisa de alma, não de explicação" quando cativou alguém. Ele não soubera explicar, se viu contra a parede, mas sentia, lá dentro, em seu ultimo fio de alma, que havia cativado algo, e, a partir dai, soube, com toda a certeza, que sabia o que é cativar.
E é por isso que prefiro falar das almas. Não sei usar explicações e muito menos entendê-las. Sei sentir, sei muito. Mas explicar? Ah, tão inalcançável quanto Plutão, banido, diminuído... Esquecido. Falo sobre o poder daquilo que há dentro de nós, contra a fraqueza daquilo que tentamos, em vão, "entender".