quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Eu preciso tanto me certificar de que não estou sonhando.

Eu vejo que o inverno se despede dando um alô pra primavera chegando gigante e colorida demais pros meus olhos míopes enxergarem. As primeiras flores nascendo nos galhos mais altos das árvores - e eu não consigo alcançar os olhos até elas.
O vento cortante do inverno se dissipa no próximo e mais acessível horizonte trazendo o verão num  aconchego como é nos braços da moça. O Verão está aí, e eu gosto bastante do verão. Necessariamente, eu gosto de me apaixonar no verão. Gosto de ver a pele da moça estampada de flores em suas vestes. Gosto do cabelo amarrado, meio solto, de qualquer jeito. Gosto do sorriso branco que me lembra a neve pra me refrescar. O pescoço a mostra, seus ombros magros e tão maiores que os meus...
Gosto do sol clareando os caminhos por onde ando, queimando as minhas retinas curiosas e distraídas. No verão, parece que ninguém morre. Parece que ninguém se despede e ninguém se vai. Acontece, sim, vez ou outra, mas estamos tão estupefatos com a areia tocando os nossos pés que nos esquecemos das desgraças que a vida nos trás.
Ter a moça, é como patentear o verão, colocá-lo em meu nome, como se eu tivesse o descoberto. É a junção de todas as cores e cores de luzes e cores de auras sobre uma única moça. Me perdoe a pergunta, mas, quando é que começamos a cantar no mesmo tom? De onde vieram estas cifras tão fáceis de botar em pratica? Não me leve a mal, é que eu me esqueço das coisas as vezes, eu preciso questionar estas coisas.
De uma vida cheia de desgraças e terremotos que vivi até aqui, despeço-me do inverno que outrora fora nomeado meu. Meu peito se aquece e se ilumina, naquela mesma junção de cores e cores de luzes e cores de aura. Moça, o que foi que você fez comigo? - Não pude deixar de perguntar enquanto acendia um cigarro de palha e me sentava no sofá, fitando tantas junções de coisas e cores que me perdi por um instante. O que são todas essas cores se dissipando e reaparecendo no ar?
Ela apenas sorria pra mim, e aquele sorriso me teletransportava daqui até ali, e d'ali até marrocos... Então percebi, de tão distraída e cansada que sou, um pequeno feixe de luz brotando entre os teus seios se iluminando cada vez mais. Procurei por alguém ao meu lado, queria me certificar de que era real, de que mais alguém pudesse ver aquele feixe de luz que brotava de seu peito e que agora chegava a me cegar.
As pessoas passavam pela calçada da casa, a luz parecia não chegar até eles. Apenas eu a via, ou meu subconsciente criara tal alucinação? Então, eu senti tudo que outrora havia desistido de sentir, e ao fazer isso, pude perceber que em meu peito também brotava o tal feixe de luz que brilhava no peito da moça. Eu apenas sorri. E levitamos, conhecemos dimensões e mundos dos quais jamais imaginamos conhecer. Então eu percebi que era dali que nasciam as inspirações. Percebi no abraço da moça, um boeing superpotente que é capaz de me teletransportar daqui até ali, e d'ali até onde eu sonhar.