sábado, 26 de março de 2011

Sinalização da rua dos sorrisos.

Felizmente, eu me senti segura. Haviam braços envolta de mim, um sorriso direcionado bem pra mim, um coração aberto pelo qual era convidativo pra que eu entrasse.
Entrei, desfiz as malas e logo fui me sentando. - Não saio daqui tão cedo. - Eu disse, uma certa afirmação saindo pelos meus lábios e olhos curiosos esperando algo como resposta.
Ela não precisou dizer nada, eu vi seus olhos, e eles, pelo que entendo de olhos, não mentiram pra mim. Sua alma alegrava-se na medida em que a minha abria espaço, o sorriso aumentava de acordo com os sinais transmitidos aqui e ali.
Eu estava feliz, era capaz de abraçar num espaço de tempo denominado: Pra sempre.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Barbantes e alguns sonhos filtrados.

Com um pouco de cipó, comecei a construí-lo. E eu vou falar baixinho para que ninguém descubra tais segredos. Vou dizer baixinho porque, bom, vocês entendem, são ossos do ofício e isso pertence a cada um de nós. Não importa se a cor for viva ou berrante, se for grande ou pequeno, bonito ou apenas aceitável, foi feito com as suas próprias mãos então se orgulhe, você não é apenas o desperdício de espaço que acha que é.
Depois vieram os barbantes. Coloridos, bem coloridos mesmo. Fiz um reggae juntando suas cores e comecei a dar os nós. Alguém sabe o significado dos nós? Eu não sei, mas significa algo pra mim.
Terminou? Bom, está na hora dos retoques finais. Algumas penas, uma ou duas sementes, e esta pronto. O passo final é sonhar.

É quase assim: Sonhe, deixe que os sonhos cheguem, sendo eles bons ou maus, permita que eles tomem conta de você, afinal, eles serão filtrados.
Eu construí meu próprio filtro, demorou, mas está pronto. Já posso sonhar, todas as noites eles são filtrados e chegam até mim como coisas boas. E bem, eu preciso agora agradecer. Você é o meu filtro dos sonhos, tão leve e cheia de cores que até me cega quando bate o vento e suas sementes se movem.
Sobrou um barbante, e fizemos algo como um anel. Tem gente que ri, eu apenas sorrio toda vez que o vejo.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Não aceitaremos mais esse tal de exílio.

Pelas estatísticas de como se deve construir uma sociedade, estamos nós aqui, fora de qualquer argumento ou intenção de participar da mesma. O motivo: Somos diferentes.
Estamos do lado de cá, praticamente expulsos daquela sociedade politicamente correta e perfeita, mas não ligamos nem um pouco. Viveremos no exílio à aceitar regras, e isso é uma afirmação, não é apenas uma ameaça.
Querem travar uma guerra, vão em frente, nós não vamos lutar. Querem nos castigar? Continuem, não queremos revidar também.
É que esse protótipo de sociedade me dá náuseas, minhas entranhas se comprimem e eu me sinto fora do comum, mas, o que realmente é comum? Eu estou do lado de cá, não é? No exílio que construímos pelo simples fato de não querer seguir regras, então merecemos os acentos da frente.
Não é ousadia, isso se chama coragem. Se você tem coragem, cale a boca e não se mostre, ainda não é tempo. Mas se é um covarde com rédeas em seus olhos, certo, estude as estatísticas e continue nessa vida cheia de regras sobre o que você deve ou não fazer pra terem admiração por você.
Os ladrões de hoje em dia usam ternos e roupas de grife. Os mocinhos, bom, eles não enxergam, eles te julgam pela sua aparência, pelo seu modo de falar.
Você é negro? tatuado? Gay? Trans? Então erga a cabeça e tenha coragem, grite alto, liberte-se, você não precisa aceitar esse exílio que nos proporcionaram apenas por sermos diferentes. Olhe só, estamos todos sem algemas e com um sorriso no rosto, isso já não é o suficiente?
Bom, é que enquanto vocês nos encaram e enxergam pecado, quando eu me encaro no espelho eu me encho de orgulho, e o nosso ego já se satisfaz com o simples fato de podermos sorrir ao encontrar alguém como nós, alguém que tenha coragem.

terça-feira, 1 de março de 2011

Você perde as suas meias enquanto dorme?

Deixei, após acordar, um punhado de sonhos dentro do travesseiro. Quem sabe eu possa vasculha-los hoje ao anoitecer, caso falte tempo pra sonhar.
Joguei no lixo um bocado de dores que não me doem mais e taquei fogo na maior parte das ataduras que não me deixava sangrar. Cicatrizou.
Pedi um drink, mas tinha só veneno. - Uma porção de fritas, por favor? - Desculpe, mas só temos fígado crú. - Então beleza.
Tudo bem, já desisti. Vou me deitar e vasculhar por baixo das cobertas e ver se encontro as minhas meias. Eu ando perdendo as minhas meias enquanto eu durmo, isso deve ser perigoso, não posso perdê-las, nas minhas meias eu guardo coisas preciosas, tais como: Um bocado de lugares em que passei, alguns tropeços, pisei em vidro, molhei os pés e até tentei dançar. Bom, acho que estou numa situação bem grave se não conseguir achá-las.
Ei, Dona Moça da lavanderia, devolva as minhas meias sem lavar, não quero que o que há de bom guardado nelas escorra pelo ralo. Eu sei, pode ser que por um azar você decida lavá-las ou jogá-las fora, mas se ler essa mensagem antes de ligar a máquina de lavar, entre em contato, estou desesperada tentando me achar. Mas caso já tenha lavado essas meias, faça um favor, coloque um amaciante, ninguém sabe, mas ando áspera demais. Obrigada.