quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

... Eu estava intacta, observando cada detalhe; que detalhes? perguntei a mim mesma, sem resposta. Eu tinha olhos curiosos e com medo, eu não era o bastante no início pra ser capaz de encarar tais olhos amendoados que teimavam em me ganhar.
Tive coragem, enfim, de encarar-lhe. Tive coragem de levar as minhas mãos até as suas, então, recebi algo divino. Pela primeira vez na vida tive o mundo em minhas mãos, e a novidade é: Não tinha peso algum, era leve como uma pena que levanta voo depois de uma pequena brisa que passou pelo terreno pra refrescar.
Eu tinha o mundo em minhas mão, frágil, leve, puro. Não sei se foi o movimento improvisado ou a falta de atenção que o fez cair. Talvez estava liso demais e esgorregara pelos dedos. Talvez ele tenha pulado e se espatifado no chão. Talvez me mexi muito e por descuido deixei-o cair.
Agora aflita, sufocada e desesperada, tento remendar cada pedaço que encontro por onde passo. Tento incansávelmente consertá-lo e deixá-lo inteiro, para que aqueles olhos, aquele sorriso despedaçado, aquelas mãos suaves e ágeis sejam, se novo, o meu mundo.

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