quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Só pra gente contracenar.

Digamos que eu ainda seja um figurante do qual o papel não seja lá tão importante pra gente contracenar, mas eu ainda posso aparecer no fundo das filmagens da sua cena. Mas é assim, não é? É assim que todo ator começa. É dessa maneira que o figurante passa a contracenar com a atriz principal, e vejá só, pode até fazer a cena de romance no final das gravações pra fechar com chave de ouro.
Pra não mentir, eu já fui coadjuvante e nós contracenamos. Não foi lá uma cena bonita pra quem viu, mas pra quem decorou as falas sem nem ao menos ler o texto, ah, como foi bonito. Mas acho, às vezes, que não interpretei tão bem assim, não fui o personagem do qual todos esperavam que eu fosse. Quis ser eu mesma nessa cena, e acho que não gostaram tanto assim. Mas você foi você mesma, tão natural, real demais pra ser verdade pra mim. Eu não sei se gostaram da sua atuação, mas eu te levaria ao Oscar se minha indicação valesse alguma coisa.
Voltei a ser o figurante, você permaneceu protagonista pra mim. Daquelas com DRT e tudo mais. Tipo uma inspiração pros meus contos seja lá o quão banais eles sejam. Mas sabe, eu não entendo nada sobre essa coisa de atuação. Acho também que eu não sei fingir e nem guardar por tanto tempo um único roteiro. Acho que misturo os papéis que são dados a mim, e nesse misto de personalidades eu acabo me encontrando.
Não quero mais saber de mini séries, nem de novelas que acabam e aí, nunca sabemos o que aconteceu depois que o vilão e a mocinha ficaram juntos. Pra onde é que eles vão depois? Pra onde é que vai a história quando chega o final?
Também não quero filmes, e tampouco seriados, afinal, todos eles tem um fim. Não me contento com finais felizes ou não felizes, mas me contento com o que continua. Continua mesmo não andando ao lado da gente, continua mesmo que a gente caia no esquecimento.
Queria mesmo era escrever um livro que só acabasse quando eu morresse. Aí sim, acaba tudo, não é? Esse sim é o final do qual ninguém gosta, mas tem que aceitar. Já que não há outra cura pra isso, então, esse tipo de final eu aceito, mas os outros não.
Quero sim um final feliz, com beijos, abraços e tudo que há de bonito em uma história, mas quero finais felizes a cada por do sol e um capítulo novo a cada amanhecer. Só que demora, é longe. Longe o suficiente pra ser inalcansável fisicamente. Mas não há quem vá me dizer que a vida é assim e que o que tiver de ser, será. Não acredito muito nisso. Se fosse assim, esperaríamos e então, aquilo que nos faz bem acabaria chegando cedo ou tarde.
Mas não, tem que lutar. Aperfeiçoar, se é que me entendem. Mas eu espero. Espero que aquela produtora que andou te contratando me veja como um bom figurante, e quem sabe, me coloque num papel aceitável pra contracenar de novo com você, que é a minha estrela.












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