sábado, 8 de janeiro de 2011

Loucos?

Loucura: Ao modo de ver de muita gente, são pessoas insanas, descontroladas e agressivas. Pessoas que rasgam dinheiro e são capazes de comer lixo. Pessoas que nem ao menos sabem quem são.
Gente estranha, um andar diferente, modo de se expressar que sai do protótipo que a sociedade criou. Deficientes físicos e mentais. Pessoas que não sabem o que falar e mesmo assim falam procurando algum entendimento. Pessoas anormais.

Loucura²: Ao ver de muita gente, são pessoas da alma, pessoas que compreendem. Têm suas próprias crenças e encontram suas próprias verdades dentro de si. Pessoas felizes sem ao menos ter nada, apenas a própria presença.
Pessoas que sabem o verdadeiro valor das coisas e conseguem acreditar no mundo de um modo completamente diferenciado e -talvez- exótico ao ver de outras pessoas. Pessoas que sabem sorrir, que, por mais difícil que esteja a situação, encontram algo bom naquilo tudo e dá risada. Pessoas da alma e não somente do próprio corpo. Pessoas que sentem e não somente falam. Pessoas do silêncio que grita num som mudo que é capaz de ensurdecer o mundo inteiro.
Pessoas que sabem diferenciar um olhar de um modo de pensar ou agir; pessoas anormais.

Loucura³ (Ao meu ver): Não existe loucuras e nem anormalidades, somos normais dentro dos nossos padrões dos quais pertencem a somente nós e mais ninguém. O que há de errado ter um dedo a menos na mão ou um terço a mais de alma dentro de si? O que há de tão anormal em sermos normais a nós mesmos?
Não é errado ter um andar diferente ou uma língua presa. Também, não é nada anormal acreditar em coisas que não se pode ver. Não é errado nos medir interiormente e achar isso certo. Não é loucura de ninguém sentir-se lisonjeado em apenas viver.
O que mudaria no interior da pessoa se ela não tiver uma visão boa? Usando óculos ela seria alguém normal dentro de seus padrões sobre o que é correto ou não? Que diferença faz sentir-se feliz somente com o trabalho de abrir os olhos e ver o sol? Talvez se essa pessoa se privasse do que a faz bem, seria normal aos olhos da sua prisão?
Prisão sem grades, eu quero dizer. A prisão da qual todos nós estamos privados desde o dia em que nascemos. Alguns acham melhor se redimir, outros conseguem ser rebeldes e viver na liberdade que pertence apenas a eles, que somente eles podem encontrar.
Agora, penso que o livre arbítrio pertence a todos, mas a maioria das pessoas o usa de uma forma que não é boa apenas pra ela, mas para impressionar. Impressionar quem? Aquele padrão do qual a maioria das pessoas quer valorizar, que mostrar que segue as regras e, contudo, querendo se mostrar normal.
Pra mim, loucura é algo imaginário. Projetamos a loucura ao ver alguém para que nosso ego seja alimentado e, com isso, nos tornamos pessoas normais. Todas as pessoas são normais, e isso, cabe a cada uma delas enxergar e agarrar com força todas as suas verdades. Não há anormalidades, apenas grades que impedem que se enxergue com nitidez tudo aquilo que teimamos em não acreditar. É como um espelho sujo do qual esquecemos de limpar por pura preguiça.

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